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No Brasil, o reconhecimento facial está em todos os lugares: desbloqueando celulares, liberando transações bancárias, controlando acesso em condomínios e até autorizando empréstimos. Conveniente? Sem dúvida. Seguro? Nem tanto. A crescente banalização da biometria facial vem se tornando o próximo grande vetor de golpes virtuais — e o alerta precisa ser levado a sério.
Biometria é, por definição, a análise de características físicas únicas e imutáveis de uma pessoa. A facial, em particular, depende da leitura dos traços do rosto — algo que não pode ser alterado caso seja violado.
Diferente de uma senha, que pode ser trocada em segundos, um rosto vazado permanece um dado vulnerável para sempre. E aí mora o perigo: quando sua face se torna sua chave de segurança digital, ela precisa ser protegida com o mesmo rigor de um cofre bancário.
Segundo dados recentes, o Brasil registrou em 2025 um crescimento de 41,6% nas tentativas de fraude digital, somando mais de 1,2 milhão de casos apenas em janeiro. Isso representa uma tentativa a cada 2,2 segundos. E muitas dessas fraudes usam justamente a biometria como brecha.
Como? Criminosos exploram sistemas frágeis ou mal configurados, usam vídeos e fotos das vítimas — muitas vezes colhidos de redes sociais — para burlar mecanismos de reconhecimento facial. E com a proliferação de deepfakes, a situação se agrava: falsificações realistas da face da vítima podem enganar até os sistemas mais modernos.
No Brasil, a cultura do consentimento ainda é frágil. Aplicativos, instituições e empresas frequentemente coletam dados biométricos sem explicar claramente onde e como eles serão usados.
Uma pesquisa recente mostrou que 31% dos brasileiros têm medo de que seus dados biométricos sejam usados por criminosos, mas apenas 13% confiam plenamente nas empresas que os armazenam. Mesmo assim, seguimos escaneando nossos rostos em totens, aplicativos e serviços — muitas vezes sem pensar duas vezes.
A biometria facial, apesar dos riscos, não é o inimigo. O problema está na falta de controle, regulamentação e transparência no uso. Eis o que pode (e deve) ser feito:
O Brasil vive uma corrida silenciosa entre a evolução tecnológica e a capacidade de proteger o cidadão. Se não tratarmos a biometria com a seriedade que ela exige, corremos o risco de transformar nosso próprio rosto em passaporte para o golpe perfeito.
Biometria facial é poderosa, mas perigosa quando usada sem critério. No mundo digital, se o rosto é a chave, a privacidade é o cadeado. E está mais do que na hora de reforçá-lo.
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